Proposta de Trabalho:
Nesse momento vocês farão a leitura
desse texto e vão refletir;
Em seguida anotarão em seus cadernos as
palavras vocês desconhecem o significado, em seguida com o auxílio de um
dicionário ou da própria internet.
Esse texto servira para realizarmos as
atividades de três semanas isso é de, 29 de junho á 17 julho.
Sendo assim peço a cada um de vocês que
leiam com bastante atenção, tenham calma pois estamos em um momento diferente
do que estamos acostumado.
Slam - um gênero literário
Slam é uma batalha de poesias e rimas
que existe desde os anos 1980 e tem crescido cada vez mais no mundo e no
Brasil, sobretudo no século XXI. Considerado por muitos um esporte, o Slam tem
batalhas nacionais e uma Copa do Mundo, onde finalistas de diversos países se
encontram para escolherem qual a melhor poesia. Na última década, o Brasil tem
apresentado suas manifestações, sobretudo entre os jovens periféricos, e traz
consigo um forte teor auto afirmativo, identitário e de ocupação de espaços
públicos.
Spoken Word: a Poesia Falada
Slam
Poesia ou Poetry Slam é um tipo de poesia que faz parte do
gênero spoken word ou, na tradução literal, palavra falada.
Faz parte desse gênero toda a literatura que é pensada para ser declamada ou
falada em público. É um gênero que vem desde a Antiguidade e Idade Média, como
por exemplo os trovadores, mas que também aparece na cultura africana, os Griôs.
No caso dos trovadores, a poesia
declamada tinha a função de contar casos ficcionais épicos e era feita em um
momento em que não havia imprensa ou a disseminação da alfabetização na Europa
dos séculos XI e XII. Na cultura africana, os Griôs ou Griots, são
os mantenedores da história e da memória de determinado grupo social ou étnico.
São os portadores do conhecimento antigo e são responsáveis por passá-los para
as novas gerações de forma oral, preservando a história, a memória e a
ancestralidade.
Nos anos 60, a poesia falada foi
ressignificada pela Geração Beat, no Estados Unidos, fazendo parte
das manifestações do movimento de contracultura e de reivindicação de direitos
civis. Na década de 70, o RAP, do inglês Ritmo e Poesia, nasceu entre a
comunidade negra norte-americana, sobretudo em contato com a cultura jamaicana
imigrante em Nova York. Para os poetas do RAP, a letra se sobrepunha à melodia
e a temática era o cotidiano de opressão nas grandes cidades, violência
policial e afirmação de uma identidade étnica.
Slam: poesia falada marginal
O Slam surge em 1984,
em Chicago, estado de Illinois, Estados Unidos. Até pouco tempo, Chicago tinha
a particularidade de ser uma cidade muito industrializada. Em um bar de jazz, onde
costumavam ocorrer declamações e saraus de poesia, o trabalhador da construção
civil e também poeta Mark Smith teve a ideia de fazer uma “batalha de poesias”.
Junto com seu grupo Chicago Poetry Ensemblange, ele cria o Show-Cabaré-Político-Vaudevilliano.
A ideia inicial de Smith era fazer uma
brincadeira para ironizar a declamação academicista, elitista e formal. A
batalha tinha a intenção de popularizar a poesia e realizar
performances-poéticas que fossem mais concretas e menos abstratas, diferente
daquelas dos saraus que atraíam mais os jovens de classe média. Dessa maneira,
o Slam acabou unindo a forma poética e as reuniões ocorridas para a realização
dos saraus e, ao mesmo tempo, um público e uma plateia participativa, que
torcia e se envolvia na poesia e na letra, e não apenas contemplava o poeta e
sua obra.
O gênero se desenvolveu tão rápido nos
Estados Unidos que apenas seis anos depois, em 1990, ocorreu o Primeiro
Campeonato Nacional de Slam, em São Francisco. Em 2002, sua popularidade o
levou ao Primeiro Campeonato Internacional, ocorrido em Roma. Após isso, são
realizados campeonatos anuais na França nos quais os poetas apresentam poesias
em suas línguas nativas, enquanto as traduções são feitas simultaneamente em um
telão. A tecnologia é uma das aliadas desse gênero que viu sua popularização
ocorrendo por meio de redes sociais e permitiu encurtar distâncias entre as
comunidades. Atualmente, França e Alemanha têm as maiores comunidades slammers do
mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, sua terra natal.
Características do Slam
As batalhas de Slam ocorrem em praça
pública ou em bares. Existem apenas três regras: as poesias devem ser autorais
e não terem sido apresentadas em nenhuma outra batalha, devem durar no máximo
três minutos e a performance deve contar apenas com a voz e/ou o corpo do poeta
para se manifestar, sem usar adereços cênicos ou batidas musicais. O público
escolhe o júri na hora, entre os que estão assistindo, que dão as notas
imediatamente depois da apresentação sem debater, além de uma pessoa para
calcular o tempo da poesia e a média obtida por cada poeta. A ordem das
apresentações é sorteada entre as pessoas inscritas e a maior e a menor nota
são descartadas para realizar a média e a pontuação final. Normalmente, o
vencedor ganha um livro.
O limite de tempo visa democratizar a
participação no evento. Ninguém interrompe um slammer quando
esse ultrapassa o tempo, mas ele perde pontos na somatória final. Por se tratar
de um trabalho em grupo ligado à comunidade, o slam não tem por objetivo
inicial lançar poetas focados em uma única pessoa, apesar de acontecer também.
No momento da batalha, no entanto, o limite de tempo evita a monopolização do
espaço por parte de algumas pessoas. A proibição de adereços cênicos e de
música visa fazer com que o poeta cative a plateia usando apenas a palavra, sua
performance e seu corpo.
Apesar de ser uma competição, antes de
tudo, as batalhas são uma celebração. As comunidades ou times se reúnem e o
público é parte integrante da apresentação, intervindo a todo momento com
vaias, aplausos, gritos ou participação no processo. Por serem orgânicos aos
grupos e locais que surgem, os slams apresentam características de temática e
do grupo social que o compõem. Nesse sentido, tanto a apresentação do poeta,
quanto a plateia, contam com um elemento de auto representação. Os slammers contam
sua própria história, usando suas palavras, aproximando a arte e a vida,
criando uma estética própria e autêntica.
A palavra Slam é uma onomatopeia em
inglês usada para designar uma batida, como uma porta se fechando subitamente.
A palavra mais aproximada na língua portuguesa para a expressão é “Blam!”,
muito embora, por ser um demarcador de som, não haja necessidade alguma de
tradução. Como o próprio nome, a poesia é marcada por fortes traços de
oralidade e coloquialidade, tendo uma demarcação linguística informal. Por sua
temática e forma, a poesia do Slam pode ser considerada como marginal e essa
pecha é autoproclamada por alguns grupos, como o Slam das Minas de
São Paulo, que intitulou seu documentário com o lema usado pelos poetas
marginais brasileiros dos anos 80: “Seja Heroína, Seja Marginal”.
Slam no Brasil: identitarismo e
apropriação de espaços públicos
O Slam chegou ao Brasil através da
atriz e poeta Roberta Estrela D´Alva, em 2009. Estrela D´Alva faz parte do
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos que juntos montaram o Slam ZAP! - Zona
Autônoma da Palavra. Ele ocorre há dez anos em um bar no bairro da
Pompéia, Zona Oeste de São Paulo. O segundo Slam a ser formado no país foi o
Slam da Guilhermina, em 2012, Zona Leste da cidade de São Paulo. Esse tem a
característica de ocorrer em espaço ao ar livre, ao lado da estação de metrô,
em uma praça pública aberta à toda comunidade da região e com fácil acesso ao
restante da cidade.
A FLUP – Festa Literária das Periferias
– ocorrida pela primeira vez em 2012, percorre favelas e comunidades do Rio de
Janeiro em edições anuais e coloca como protagonistas de suas obras e
publicações o escritor de origem periférica, valorizando temática, traços de
linguagem e expressão, além de conseguir patrocínio ou financiamento para a publicação
de obras. No Brasil, o Slam se insere nesse processo de conquista crescente de
espaço por grupos excluídos, oprimidos ou marginalizados e tem como principais
protagonistas os jovens das periferias.
A partir de 2013, os slans se
popularizaram no país, sendo formados em comunidades no interior de São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul,
Pernambuco e Bahia. A responsabilidade dessa divulgação e disseminação da ideia
das batalhas de poesia é do Slam Resistência, que ocorre na
Praça Roosevelt, no centro de São Paulo e faz uso das redes sociais para
divulgar as batalhas, os poetas e as poesias.
O ano de 2013 foi marcado por
movimentos de juventude em todo o país. Inicialmente contra o aumento do preço
do transporte público, as manifestações atingiram outras demandas sociais,
sobretudo da juventude e da periferia. Questões como saúde, educação,
repressão, moradia e a realização da Copa do Mundo de Futebol, sediada no
Brasil em 2014, foram pautas. Em contrapartida, houve repressão policial e do
governo. O Slam da Resistência nasceu nesse contexto, uma vez que a praça era
local de reunião de ativistas e advogados do movimento e se disseminou por ter
poetas tratando exatamente dessas questões e dialogando com um sentimento geral
da juventude naquele momento. O slam brasileiro se caracterizou a partir daí,
por ser realizado em locais abertos, permitindo a entrada democrática de todas
as pessoas e impondo aos pedestres que por ali passam a presença de grupos de
jovens poetas e seu público. Não há qualquer rigidez ou imposição de temática
aos slammers, mas existe uma tendência a tratar de temas como racismo e
empoderamento de mulheres e jovens negros, repressão policial e violência do
Estado, exclusão de direitos, sexualidade e temática LGBTQ+, feminismo,
machismo e autoafirmação feminina.
Outros Slans, com temática específica,
foram criados ou surgiram de comunidades. Em diversas cidades do país existem
slans voltados exclusivamente para mulheres, onde homens são bem-vindos na
plateia, mas não podem nem batalhar, nem ser jurados. Existem slans formados
para tratar da temática negra e também grupos cujos poetas e jurados são da
comunidade LGBTQ+. Outro Slam temático é o “Slam do Corpo”, feito em Libras,
por poetas surdos e traduzido simultaneamente em língua portuguesa.
Portanto, o Slam é uma forma artística,
cultural e social na qual os protagonistas, desde poetas e jurados, são os
setores que foram silenciados constantemente pela sociedade. Através da arte,
da poesia e da ocupação de espaços por pessoas de diferentes idades, crenças,
orientações políticas e filosóficas, ocorre uma celebração coletiva, que é ao
mesmo tempo uma batalha. É um momento de pausa e contemplação, mas também de
afirmação e resistência. A poesia Slam é autêntica, informal, coloquial e bem
trabalhada, tanto do ponto de vista métrico e de temática, quanto em relação à
performance executada que busca trazer o público para a apresentação.
Texto resumido baseado em:
D´ALVA,
Roberta Estrela. Um microfone na mão e uma ideia na cabeça – o poetry
slam entra em cena. Revista Synergies Brésil. Nº 09, 2011.
pp. 119-126.
SOUSA, Marielly Zambianco Soares. Das
artes às tarefas de Clio: uma reflexão sobre o
movimento Slam. In: Anais do XIV
Encontro de História da Anpuh – MS. Mato Grosso do Sul, 2018.
PS: este plano de aula foi retirado do site, https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/plano-de-aula-slam-poesia-falada/